Por uma nova epistemologia do ensino de filosofia no ensino médio: mediações sobre o cotidiano em Wittgenstein e em Deleuze

Autores

  • Fábio Antonio Gabriel Rede Estadual do Paraná de Filosofia
  • Ana Lúcia Pereira Baccon UEPG
  • Mauricio Silva Alves Universidade Estadual de Feira de Santana
  • Tatiane Skeika Universidade Estadual de Ponta Grossa

DOI:

https://doi.org/10.31639/rbpfp.v9i17.151
Abstract views: 714 / PDF downloads: 411

Palavras-chave:

filosofia, Wittgenstein, Deleuze

Resumo

O presente trabalho tem como escopo a análise do cenário educacional do Brasil, com ênfase na formação do professor de filosofia do Ensino Médio. O ato de ensinar Filosofia requer um deslocamento epistemo-lógico, a saber: o exercício de reconsideração do cotidiano como categoria filosófica, isto é, a capacidade subjetiva de abertura para novas situações, novos mundos até então banidos do discurso epistemológico inerente à docência, e consequentemente deslocar os docentes do polo de suas certezas epistemológicas – que propõe a receita dogmática de percurso dos caminhos certos para uma aula de filosofia – para o polo do aluno do ensino médio que está indisponível para a filosofia. Nesta perspectiva, o discente do curso de Licenciatura em Filosofia deve ter clareza de que, na sala de aula, em seu lócus de exercício da profissão, tão só o amontoado de teorias e proposições didáticas não será suficiente para a contribuição de um aprendizado eficaz do seu futuro alunado. E também, o conhecimento pedagógico não deve separar-se do conhecimento filosófico, mas complementar um ao outro no cotidiano do professor de filosofia. O campo problemático, aberto pelo cotidiano como categoria filosófica em Wittgenstein e Deleuze, exige uma investigação que nos leva ao sentido por ele produzido. Apresenta-se, desse modo, um paradoxo: o sujeito faz uso de suas ex-periências passadas tanto para produzir quanto para organizar os acontecimentos mediante uma relação de causa e efeito que não logra conter todo o universo do cotidiano, condição necessária para uma experiência temporal adequada, isto é, uma experiência que traga para quem a exercita, uma simultaneidade de tempos para a produção de sentidos. O sentido é, dessa forma, o próprio acontecimento expresso, é o resultado do que é produzido pelo rompimento do senso comum, das proposições metafísicas, obrigando a uma nova significação do possível, ou seja, do cotidiano como acontecimento, que abre a história e a epistemologia sugando tudo para que gire em torno de si, gerando desse modo uma nova maneira de Ensinar a Filosofia.

Downloads

Não há dados estatísticos.
 PlumX Metrics

Referências

ALVES, Mauricio Silva.Reconsiderar as diferenças no cotidiano escolar: uma ontologia para o professor de filosofia presente? Revista Semana Acadêmica. Disponível em: <http://semanaacademica.org.br/> Acesso em 11 dez.2016.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC/SEMTEC, 2006.

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. OrientaçõesEducacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciências Humanas e suas Tecnologias. Brasília, DF, 2013. Disponível em:<<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasHumanas.pdf>>. Acesso em: 10 out. 2016.

BRASIL, Governo Federal. Lei nº. 11.684, de 02 de junho de 2008. Altera art. 36 da Lei 9394-96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF, 2008.

CAMPANER, S. Filosofia: Ensinar e Aprender – São Paulo: Livraria Saraiva. 2012.

CAVELL, Stanley. Esta América Nova, Ainda Inabordável: Palestras a partir de Emerson e Wittgenstein. São Paulo: Editora 34, 1997.

CERLETTI, Alejandro. O ensino de Filosofia como problema filosófico.São Paulo: Autêntica, 2004.

CHAUÍ, M. Prefácio. In: MARÇAL, Jairo. (Org.). Antologia de textos filosóficos. Paraná: SEED, 2009.

CIAMPA, A.C. Identidade. In.: LANE, S.T. & CODO, W. Org. Psicologia Social: O homem em movimento. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.

DELEUZE, Gilles. Lógica do Sentido. Perspectiva: São Paulo, SP, 1982.

HORN, G. B. Ensinar Filosofia: pressupostos teóricos e metodológicos. Ijuí: Unijuí, 2009.

MORAES, M. C. Recuo da teoria. In.: MORAES, M.C.M. (Org.). Iluminismo às Avessas: Produção do conhe-cimento e políticas de formação Docente. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

NÓVOA, A. Nada substitui um bom professor. In.: GATTI,B.A.(Org.). Por uma política nacional de formação de Professores,São Paulo: UNESP, 2013.

OLIVEIRA, B. A Prática social global como ponto de partida e de chegada para a prática educativa. IN.: OLIVEIRA, B. DUARTE, N. Socialização do saber escolar. 6ed. São Paulo, SP: Cortez: Autores Associados, 1992.

QUÉRÉ, Louis. Le caractere Impersonnel de l’expèrience. IN.: SIMPÓSIO DE COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA. 2, Belo Horizonte, MG. Fafich, UFMG, 2005.

SHULMAN, L.S. Knowledge and teaching: Fundations of the new reform 1987. IN.: SHULMAN, L.S. The wisdsom of pratice: essays on teaching and learning to teach. San Francisco, Jossey-Bass, 2004.

SHULMAN, L.SBThose who understand: Knowlwedge growth in teaching. Educacional, v 15, nº 2, 1986.

SHULMAN, L.S Communities of learners and communities of teachers. Jerusalém: Mandel Institute, 1997.

WITTGENSTEIN, L. Remarques Mêlées [no original Vermischte Bemerkungen]. Editado por G.H. von Wright. Tradução, apresentação e notas Gérard Granel e JeanPierre Cometti. Paris: Flammarion, 2002. Em português: Cultura e valor [do original Culture and Value]. Trad. Jorge Mendes. Lisboa: Edições 70, 2000.

WITTGENSTEIN L. Investigações Filosóficas. Lisboa: Fundação Calouste Gulberkian, 2002.

ZEICHNER, K. M. A formação Reflexiva de Professores: Ideias e Práticas. Lisboa: Educa, 1993.

ZEICHNER, K.; FLESSNER, R. Educando os professores para a Educação Crítica: Análise Internacional. Porto Alegre: Artmed, 2011.

Downloads

Publicado

2017-12-31

Como Citar

GABRIEL, F. A.; BACCON, A. L. P.; ALVES, M. S.; SKEIKA, T. Por uma nova epistemologia do ensino de filosofia no ensino médio: mediações sobre o cotidiano em Wittgenstein e em Deleuze. Formação Docente – Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formação de Professores, [S. l.], v. 9, n. 17, p. 53–66, 2017. DOI: 10.31639/rbpfp.v9i17.151. Disponível em: https://revformacaodocente.com.br/index.php/rbpfp/article/view/151. Acesso em: 27 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos